Você pode estar se perguntando “pra que falar de morte”? Esse não costuma ser um tema que agrada às pessoas. Mas, a meu ver, é um assunto necessário, principalmente, para desmitificar.

No ano passado, recebi um texto, desses que são compartilhados nas redes sociais e ele me chamou muito a atenção, pois suscita várias interpretações e reflexões. Nele, dois bebês dialogavam no ventre materno. E o bate-papo girava em torno do que eles encontrariam após deixar o aconchego do útero, se haveria vida após o parto.

Enquanto um dizia que não acreditava em tal existência, uma vez que desconhecia quem tivesse retornado “de lá”, demonstrando insegurança e medo do desconhecido o outro divagava sobre várias coisas para festejar a “tal vida”; mas, mesmo assim, o outro não se convencia, teimava em acreditar que a vida após a saída estava fora de cogitação.

Eu lhe pergunto: Qual dos dois tinha razão? Em minha humilde interpretação, os dois, pois eles encontraram a vida e a morte!

A morte daquele ciclo de vida intrauterina e o início de uma nova vida fora do útero. Portanto, a decisão entre vida ou morte é uma escolha. A reflexão que proponho com relação a esse tema é que a morte existe a todo momento em nossa existência, pois nossa vida é permeada de ciclos, os quais tem tempo e vida útil.

Assim, para que um adulto atinja a maturidade, ele precisa “matar” a adolescência; a criança precisa deixar de ser um bebê, para viver a nova fase. Para que um profissional ascenda na carreira, ele precisa abandonar as vestes de estagiário, deixar ir os ciclos anteriores. E quando digo “matar” é entender que um ciclo se encerra para dar oportunidade de outro iniciar. Senão corre-se o risco de chegar a cargos elevados agindo como trainees, ou casar e continuar levando a mesma vida de solteiro.

Devemos fazer como a natureza, encontrar o fluxo. Para que a primavera aconteça, ela necessariamente terá que viver o verão, o outono e o inverno. Assim também é a vida, regida por ciclos.

Vivemos eternos recomeços e eternos findares. O quanto observar a beleza desses ciclos pode nos ajudar a renascer, reconstruir e recomeçar todos os dias? Apegos, medos, dúvidas nos aprisionam em determinados estágios.

A questão é: qual ciclo já se encerrou em sua vida e você ainda alimenta? Que ciclos precisam ser finalizados para permitir que novos surjam? Ao que é necessário dar morte para gerar vida? O que você sabe que precisa morrer, mas anda hesitando?

A qual vida eu tenho tanto medo de dar à luz?

A vida é cíclica e aceita-la nos liberta. Viva a beleza dos ciclos e entre no fluxo da vida. Nada é estático, na natureza, tudo está sempre em movimento.

Caso você queira receber o diálogo completo dos bebês, me escreva que lhe envio por e-mail. Obrigada e boa reflexão.
Texto publicado também na Revista digital Executiva News