O que eu aprendi com a leitura de Os quatro compromissos, o livro da Filosofia Tolteca de Don Miguel Ruiz, tão simples e tão profundo? Gostaria de compartilhar como algumas reflexões, às vezes podem fazer tanto sentido. Não pretendo fazer um resumo do livro, mas sim despertar o interesse por essa leitura. Eu gostei tanto que li em dois dias.

Nesse momento em que a disputa, a crise, a competição tomam conta de todos, certas reflexões podem nos fazer perceber que basta um descuido para entrarmos na energia do caos.

Primeiro, eu gostaria de ressaltar o que o autor fala sobre compromisso, que é um pacto, uma obrigação assumida. Assim, ele diz, que ao longo da vida, vamos assumindo compromissos conscientes e, principalmente, inconscientes, que podem estar comprometendo nossas ações. Dessa forma, ele propõe, no decorrer do livro, que a gente reflita acerca dos acordos que regem nossa vida e que desfaçamos aqueles que não nos ajudam mais e que a gente escolha novos, aqueles que podem nos colocar na direção da vida que realmente queremos viver.

Vamos aos compromissos, o primeiro é: Seja impecável com suas palavras.

E aí nós podemos nos perguntar, mas o que exatamente isso quer dizer? O próprio autor diz que parece simples, mas é extremamente poderoso esse compromisso. E se pensarmos bem, é pelo poder da palavra que tudo, absolutamente tudo, se processa no mundo. A palavra tem o poder da criação.

E quando ele fala sobre ser impecável ele se refere a “sem pecado”. As origens da palavra pecado, em hebraico é errar o alvo, em grego, sair da rota e em latim, dar um passo em falso, cair. Assim, o autor diz que pecado é algo que se comete contra si, uma vez que qualquer coisa que nós sintamos, pensemos, falemos, acreditemos ou façamos, gerará consequências em nós.

Portanto ele diz que “ser impecável é não contrariar a própria natureza. É assumir toda e qualquer responsabilidade por nossos atos, sem julgamentos ou culpas”.

E ele encerra esse compromisso dizendo que podemos medir a impecabilidade de nossas palavras através do nível de nosso amor próprio. A relação de amor a si mesmo está diretamente relacionada à qualidade e a integralidade de suas palavras consigo mesmo.

Que palavras você vem utilizando para se comunicar com você? Palavras de afeto, de motivação, de apoio ou de crítica, julgamento ou reclamação? E com as pessoas ao seu redor, como é a sua comunicação?

O segundo compromisso é Não leve nada para o lado pessoal.

O autor diz que quando levamos tudo para o pessoal significa que estamos concordando com o que está sendo dito, de alguma forma, aquilo encontrou ressonância em nós. Cada pessoa emite suas opiniões e julgamentos de acordo com seus próprios compromissos, toda a sua forma de observar e decodificar o mundo provém de seus próprios compromissos e programações recebidas.

Quando levamos tudo para o lado pessoal, nos tornamos presas fáceis, pois aceitamos todo o “lixo emocional alheio”. Don Ruiz diz “o que quer que você pense, como quer que sinta, sei que é problema seu, não meu. É a forma como você vê o mundo. Não se trata de nada pessoal. Você está lidando consigo mesmo, não comigo”.

E o mais importante, precisamos aprender a confiar mais em nós e não nas opiniões e julgamentos alheios. E fazer escolhas responsáveis, baseadas em nossas verdades, pois somos responsáveis apenas por nossas ações, sensações e pensamentos.

Você confia em si mesmo ou espera aprovação alheia? Aceita e acata toda e qualquer verdade imposta a você e molda sua vida para agradar os outros?

O terceiro compromisso é Não tire conclusões.

Tirar conclusões e especular o pensamento alheio é tudo que mais fazemos. Mas o autor nos diz que essa é uma tendência autodestrutiva. Pois ao tirarmos conclusões, acreditamos nas verdades que criamos e passamos a agir como se elas fossem reais e aí rompemos com o segundo compromisso, levamos para o lado pessoal, culpamos e reagimos de acordo com a fantasia que geramos e criamos conflitos em nossos relacionamentos.

Para evitar infringir esse compromisso, o caminho mais adequado é o diálogo, a comunicação assertiva. O problema é que temos a triste mania de achar que as pessoas a nossa volta, principalmente aquelas mais próximas, que convivem conosco, deveriam “saber o que queremos e pensamos”, portanto, presumimos que as perguntas e os diálogos não são necessários, porém esse é o maior gerador de problemas e sofrimentos nos relacionamentos.

E você, pergunta às pessoas o que elas querem, como gostam de ser tratadas ou segue imaginando e fantasiando? E mais, você verbaliza seus desejos, seus sentimentos e emoções ou espera que as pessoas adivinhem?

O quarto compromisso é Dê sempre o melhor de si.

Esse compromisso é o que fará com que os outros três permaneçam em atividade, pois ele determina a melhoria contínua, isto é, que devemos dar sempre o melhor de nós a cada instante, a cada atividade, a cada dia, praticando os ensinamentos aprendidos, renovando compromissos saudáveis e nos desfazendo dos indesejáveis. Fazer sempre o melhor possível, nem mais, nem menos, sabendo que esse melhor também é mutável, pois somos seres em evolução, mudamos constantemente. Assim, o nosso melhor de ontem, hoje pode não ser mais. E dar o nosso melhor requer um olhar atento às situações que vivenciamos. “Quando você sempre faz o melhor, pode assumir a ação. Fazer o melhor é assumir a ação, porque você ama isso, não porque espera uma recompensa”.

Quando fazemos o melhor que podemos, aprendemos a nos aceitar. Damos o nosso melhor porque queremos, movidos por nossa vontade, não porque esperamos algo em troca ou queremos agradar alguém.

“Agir é viver plenamente. Não agir é a forma de negar a vida. Agir significa expressar quem você é. Você pode ter muitas ideias na cabeça, mas o que faz toda a diferença é a ação”.

“Se você der o melhor de si na procura de liberdade pessoal, na busca do amor-próprio, vai descobrir que é apenas uma questão de tempo até conseguir o que deseja.”

Essa é apenas uma degustação do ensinamento que o livro trás, ele aprofunda muito mais cada um dos compromissos e dá algumas diretrizes para que a gente consiga firma-los. Portanto, eu recomendo a leitura, pois é um texto simples, mas com reflexões profundas.

“Cabe a você escolher no que acreditar e no que não acreditar. Você pode escolher acreditar em qualquer coisa, e isso inclui acreditar em si mesmo.”

Conheça o minicurso criado a partir desse livro.